Em 2025, o mercado de M&A no Brasil e na América Latina mostra sinais claros de retomada e força inédita, impulsionando empresas a repensar suas estratégias de crescimento.
Depois de três anos desafiadores, o setor surpreende com um ritmo acelerado de operações, reforçando seu papel como vetor de transformação e expansão no tecido empresarial.
No primeiro bimestre de 2025, o Brasil registrou volume de operações subiu 36% em relação a 2024, com 225 negócios fechados, e 99 transações em janeiro, alta de 16% frente ao ano anterior.
De janeiro a maio, foram anotadas 549 transações, queda de apenas 2,3% ante 2024, mas com expectativa de 1.400 transações ao final do ano. O país lidera a América Latina, concentrando 55,4% das operações regionais, com 399 negócios e US$ 6,864 bilhões mobilizados no primeiro trimestre.
Especialistas apontam que essa recuperação reflete um ambiente econômico favorável e a busca por estratégias de consolidação que garantam escala e competitividade.
O cenário macroeconômico desempenha papel fundamental. A taxa Selic ainda elevada no Brasil, em contraste com a queda das taxas de juros nos EUA, criou dinâmica atraente para investidores locais e estrangeiros.
Adicionalmente, empresas com valuations considerados baixos oferecem oportunidades de aquisição imperdíveis, atraindo players que desejam acelerar seu crescimento via fusões ou absorções.
O apetite por consolidação reflete a necessidade de ampliar mercados, reduzir custos operacionais e suavizar riscos em setores fragmentados, garantindo sinergias e ganhos de produtividade.
Entre os segmentos que mais se destacam, cinco concentram quase metade das operações. Uma visão detalhada ajuda a entender motivações e impactos de cada área.
O setor de tecnologia lidera, refletindo a aceleração da digitalização nacional. Saúde, finanças, alimentos e logística também figuram entre os mais aquecidos, impulsionados por demanda constante e dinâmicas de consolidação global.
Identifica-se predominância de investidores estratégicos, com 67% das operações em 2025, enquanto investidores financeiros participam de 33%. A origem nacional domina 77% das transações, mas a presença estrangeira cresce diante dos preços atraentes.
Cerca de 80% dos negócios envolveram empresas brasileiras adquirindo companhias locais, demonstrando confiança interna e alinhamento de interesses regionais.
Em paralelo, o mercado de capitais registra escassez de IPOs desde 2022, e apenas três follow-ons, totalizando R$ 3,5 bilhões em 2025, o que reforça a preferência por consolidações frente à falta de liquidez.
A ausência de ofertas públicas iniciais intensifica a busca por fusões como alternativa para financiar crescimento orgânico. No entanto, o cenário requer cuidado na avaliação de riscos regulatórios e de integração cultural entre empresas.
Empresas locais enxergam na compra de concorrentes ou complementares uma forma eficaz de ganhar escala, enquanto multinacionais veem no Brasil uma porta para acelerar sua presença na América Latina.
À medida que valuations se estabilizam, novos segmentos podem emergir como alvos, especialmente aqueles ligados à sustentabilidade, energia renovável e infraestrutura digital.
A PwC Brasil projeta expansão de 10% a 20% no mercado de M&A em comparação com 2023, e especialistas esperam negócios relevantes nos setores de saúde, aviação, TI, alimentos e logística.
Apesar de o valor agregado ter caído 24% no primeiro trimestre de 2025, o movimento qualitativo demonstra foco em operações de maior relevância estratégica.
Espera-se que fusões e aquisições continuem a moldar o tecido empresarial brasileiro, criando novas lideranças e redesenho competitivo.
O avanço das fusões e aquisições em 2025 reflete não apenas a recuperação econômica, mas também a maturidade de um mercado que aprende a usar a consolidação como estratégia de sobrevivência e crescimento.
Empresas, investidores e reguladores têm papel decisivo para manter o ritmo, garantindo due diligence rigorosa, governança eficaz e integração cultural bem-sucedida.
Com valuations atraentes e ambiente macroeconômico propício, o mercado de M&A no Brasil está pronto para um ciclo vigoroso, capaz de gerar valor, inovação e um novo patamar de competitividade.
Referências