Logo
Home
>
Análise de Mercado
>
A energia renovável conquista espaço nas carteiras de fundos

A energia renovável conquista espaço nas carteiras de fundos

25/11/2024 - 08:10
Felipe Moraes
A energia renovável conquista espaço nas carteiras de fundos

Em meio a transformações globais e pressões ambientais, os fundos de investimento direcionam cada vez mais recursos para projetos de energia limpa. Com dados expressivos e políticas de incentivo robustas, esse movimento redefine a forma como investidores olham para o futuro financeiro e ambiental do Brasil.

Crescimento acelerado do setor e números recordes impulsionam a adoção de ativos renováveis, tornando este mercado uma referência para investidores institucionais e qualificados.

Panorama do setor em números

O ano de 2025 consolidou a energia renovável como líder nas operações de fusões e aquisições (M&A) no Brasil. Com 40% do total das transações e movimentação aproximada de R$ 120 bilhões, o setor ultrapassou expectativas e revelou seu potencial econômico.

Em 2024, houve um crescimento de 76% nas transações solares, totalizando 51 operações e 3,6 GWp em capacidade instalada. São cifras que quase triplicaram os índices de 2023 e que demonstram o apetite dos fundos por ativos com performance comprovada.

Exemplos de fundos e estratégias de gestão

O CPV Energia FII (RENV11) é um case emblemático. Após lançar um follow-on de R$ 50 milhões, prometendo rentabilidade atrativa acima da inflação, o fundo ampliou seu portfólio com projetos fotovoltaicos já operacionais.

Até o momento, o RENV11 analisou R$ 1,5 bilhão em oportunidades, projeta R$ 500 milhões sob gestão e 50 MW de capacidade instalada. Entre as operações, destacam-se aquisições no Ceará e a compra de usinas prontas, o que reduz riscos de engenharia e acelera o ritmo de rendimentos.

Razões para o avanço

O crescimento das carteiras de fundos em ativos renováveis é sustentado por múltiplos fatores. Entre eles, destacam-se:

  • Demanda crescente por produtos alinhados a critérios ambientais, sociais e de governança (ESG).
  • Mitigação de riscos técnicos em projetos já operacionais, garantindo previsibilidade de retornos financeiros.
  • Financiamentos internacionais relevantes, como o Programa de Integração de Energia Renovável (REI), com aporte de US$ 70 milhões.
  • Incentivos fiscais e linhas de crédito diferenciadas oferecidas pelo governo federal.

Principais tecnologias e inovação

Solar e eólica continuam na liderança, mas outras vertentes ganham força. O setor investe em:

  • Armazenamento de energia em baterias de última geração, aumentando a confiabilidade do grid.
  • Digitalização das redes, com sensores e softwares para gestão remota e otimização de ativos.
  • Pesquisas em hidrogênio verde, visando reduzir emissões e diversificar portfólios.

Perfil dos investidores e expectativas de retorno

Os fundos de energia renovável são predominantemente voltados a investidores qualificados, que buscam:

Alinhamento entre retorno financeiro e impacto ambiental, reforçando seus compromissos com a sustentabilidade.

A exposição a ativos já em operação reduz o risco de descontinuidade e oferece fluxo de caixa estável, atraente para seguradoras, fundos de pensão e gestores institucionais.

Perspectivas de médio e longo prazo

As projeções indicam expansão contínua das carteiras voltadas a renováveis. Até 2030, espera-se que o volume de recursos sob gestão atinja patamares inéditos, com novos fundos especializados e maior profissionalização do mercado.

O Brasil, por meio de seus marcos regulatórios favoráveis, poderá dobrar sua capacidade instalada, estimular inovações e reduzir emissões em 57 milhões de toneladas de CO2, conforme metas do REI.

Desafios remanescentes e novas oportunidades

Apesar do cenário promissor, existem barreiras a superar. Entre elas:

  • Melhoria na infraestrutura de transmissão, para evitar gargalos no escoamento de energia.
  • Aprimoramento de políticas estaduais e municipais de incentivo à minigeração distribuída.
  • Capacitação técnica e jurídica para avaliação criteriosa de riscos em projetos emergentes.

Em paralelo, o avanço das startups de tecnologia limpa e a crescente alocação de capital de impacto criam novas possibilidades de investimento, combinando inovação e digitalização das redes com solidez financeira.

Em resumo, a energia renovável já não é apenas uma tendência ambiental: tornou-se uma peça-chave nas estratégias de investimentos de largo espectro. Com políticas públicas em evolução, apoio internacional e resultados financeiros consistentes, o setor segue conquistando espaço nos portfólios de fundos, desenhando um futuro onde sustentabilidade e lucratividade caminham lado a lado.

Felipe Moraes

Sobre o Autor: Felipe Moraes

Felipe Moraes