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Aumenta o interesse por ativos sustentáveis em fundos nacionais

Aumenta o interesse por ativos sustentáveis em fundos nacionais

27/12/2024 - 00:38
Robert Ruan
Aumenta o interesse por ativos sustentáveis em fundos nacionais

O mercado financeiro brasileiro vive um momento de transformação, com forte aceleração no interesse por ESG e ativos que priorizam impactos positivos. Desde a consolidação de normas mais rígidas até a conscientização crescente de investidores, o setor de fundos sustentáveis está no centro das conversas.

Este artigo apresenta um panorama detalhado dos principais indicadores, tendências, desafios e oportunidades para quem deseja aproveitar essa onda de investimentos responsáveis e, ao mesmo tempo, contribuir para um futuro mais equilibrado.

Panorama do crescimento e perfil dos fundos ESG

Em maio de 2025, os fundos nacionais com estratégias ambientais, sociais e de governança alcançaram Patrimônio sob gestão de R$ 34 bilhões, marcando um crescimento acumulado de 28% no ano. Esse avanço traduz o interesse de investidores em associar rentabilidade a impactos positivos.

Até junho de 2024, os fundos de Investimento Sustentável (IS) atingiram R$ 11,4 bilhões, registrando alta expressiva de 73% em apenas seis meses. Esse segmento já representa 69% da indústria ESG no país, evidenciando uma preferência clara por produtos com metas de sustentabilidade definidas e transparentes.

O Brasil conta hoje com 193 fundos ESG ativos, sendo 127 classificados como IS e 66 como ESG-related. Enquanto os primeiros têm compromisso formal com objetivos sustentáveis, os segundos incorporam fatores ESG no processo decisório sem metas explícitas.

Perfis e preferências dos investidores

Investidores institucionais nacionais, como fundos de pensão, bancos e gestoras independentes, têm ampliado a oferta de produtos ESG em suas carteiras. Além da pressão regulatória, cresce a demanda de cotistas interessada em apoiar iniciativas de baixo carbono e inclusão social.

Em um cenário de juros elevados, observa-se a migração para fundos de renda fixa ESG, considerados menos voláteis do que as ações e atraentes para quem busca previsibilidade de fluxo de caixa alinhada a critérios sustentáveis.

O apetite internacional também se destaca. A biodiversidade brasileira e o potencial para geração de créditos de carbono atraem investidores estrangeiros à procura de ativos verdes com dupla rentabilidade financeira e ambiental.

Desempenho comparado e lições para investidores

Desde abril de 2022, os fundos de ações IS acumularam alta de 41%, enquanto os ESG-related avançaram 31,7%. Em contraste, a indústria tradicional de fundos de ações subiu 21,9% no mesmo período. Esses resultados mostram que fundos sustentáveis superam médias de mercado no longo prazo.

Para investidores, esses números reforçam a importância de considerar fatores ESG como estratégia de diversificação eficiente e não apenas um apelo de marketing.

Fatores de impulso e regulação em vigor

O crescimento dos fundos sustentáveis no Brasil é sustentado por um arcabouço regulatório cada vez mais robusto. A CVM promove a divulgação obrigatória de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade, fortalecendo a transparência.

  • Implementação de taxonomia sustentável para padronizar o conceito de ativo verde.
  • Lei nº 15.042/2024 estabelece diretrizes para o mercado de carbono brasileiro.
  • Eventos internacionais, como a COP30 em Belém, prometem ampliar a visibilidade global.
  • Programas de incentivo, como o Eco Invest Brasil, atraindo capital verde estrangeiro.

Além disso, desembolsos de R$ 1,44 bilhão em soluções baseadas na natureza garantem financiamentos para restauração ambiental na Amazônia e no Cerrado, por meio de organismos multilaterais e bancos públicos.

Desafios e como superá-los

Ainda que o ambiente seja favorável, persistem desafios. A falta de uma taxonomia totalmente clara dificulta a comparação entre ativos sustentáveis no mercado global, criando barreiras para investidores estrangeiros.

Riscos de greenwashing podem minar a credibilidade do setor. Muitos fundos exploram o selo ESG sem integrar efetivamente esses fatores em suas estratégias de investimento.

  • Realize due diligence aprofundada antes de alocar recursos.
  • Verifique relatórios e indicadores de impacto divulgados pelos fundos.
  • Busque certificações e auditorias independentes para maior segurança.

Por fim, a volatilidade das ações ainda exige cuidado. Equilibrar a carteira com renda fixa ESG e diversificação geográfica e setorial reduz exposições indesejadas.

Perspectivas e estratégias para 2025 e além

Espera-se uma retomada na emissão de títulos sustentáveis, impulsionada por condições monetárias mais favoráveis globalmente. Empresas e governo reforçarão suas iniciativas, ampliando o volume total que já soma US$ 32,4 bilhões desde 2015.

Com a obrigatoriedade de disclosure de dados ESG, haverá maior escrutínio e confiabilidade nos ativos rotulados como sustentáveis. Quem adotar políticas de governança claras e metas climáticas robustas sairá na frente.

Investidores podem se preparar:

  • Alocar parte da carteira a fundos IS com objetivos de impacto definidos.
  • Acompanhar a evolução das regras da CVM e da taxonomia nacional.
  • Monitorar projetos de restauração ambiental e créditos de carbono como ativos complementares.

A COP30, prevista para novembro de 2025 em Belém, será um ponto alto para apresentar soluções brasileiras ao mundo. Aproveitar esse momento estratégico poderá abrir portas para novas parcerias e fluxos de capital.

Em suma, o aumento do interesse por ativos sustentáveis em fundos nacionais reflete não apenas uma tendência passageira, mas uma mudança estrutural. Ao adotar práticas responsáveis, investidores contribuem para um mercado financeiro mais sólido e um planeta mais resiliente.

Robert Ruan

Sobre o Autor: Robert Ruan

Robert Ruan