O desempenho das commodities agrícolas brasileiras tem sido determinante para a balança comercial nacional, registrando recordes históricos em 2024 e mantendo o ritmo de crescimento no primeiro trimestre de 2025.
Com resultados expressivos em termos de valor e volume, o Brasil consolidou sua posição de destaque no cenário global, impulsionado pela demanda internacional e por uma série de fatores geopolíticos favoráveis.
Em 2024, o Brasil se tornou o maior exportador mundial de commodities agropecuárias, superando os Estados Unidos ao atingir US$ 137,7 bilhões em exportações do setor agropecuário e agroindustrial.
Esse desempenho representou uma vantagem de US$ 14,4 bilhões em relação aos EUA, segundo dados do Insper Agro Global, e reforçou o papel do agro como motor do crescimento econômico brasileiro, respondendo por aproximadamente 26% do PIB.
A valorização do dólar frente ao real também contribuiu para elevar a competitividade externa, beneficiando os produtores e fortalecendo a receita em moeda local. Além disso, a safra recorde de grãos de 322,42 milhões de toneladas na temporada 2024/2025 projeta um cenário de robustez para os próximos meses.
No início de 2025, algumas commodities se destacaram pela representatividade na pauta de exportações, mesclando volumes robustos com preços elevados no mercado internacional.
Apesar de uma leve queda no volume exportado de soja e milho, os preços internacionais mantiveram o valor total em patamares recordes. O café, impulsionado por condições climáticas favoráveis e ajustes de mercado, obteve um aumento de 70% na receita ante o mesmo período de 2024.
O setor de carnes também vivenciou forte demanda, com as exportações de bovinos e aves ultrapassando US$ 1 bilhão cada no primeiro trimestre, reflexo de acordos sanitários e ampliação de mercados.
A China segue como o principal destino, absorvendo cerca de 22% das importações brasileiras de produtos agropecuários. A recente tensão comercial entre Estados Unidos e China reforçou a posição do Brasil como fornecedor confiável e competitivo.
Esses novos acordos comerciais representam uma oportunidade de redução de riscos e de fortalecimento das exportações em regiões que demandam cada vez mais produtos de alta qualidade e sustentabilidade comprovada.
O avanço tecnológico, por meio da adoção de sementes transgênicas e técnicas de agricultura de precisão, tem elevado a produtividade por hectare, reduzindo custos e impactos ambientais.
Parcerias entre universidades, centros de pesquisa e produtores rurais têm promovido a disseminação de boas práticas agrícolas e o desenvolvimento de soluções para desafios como pragas, doenças e variações climáticas.
No entanto, a logística ainda é um ponto sensível: deficiências em rodovias, ferrovias e portos podem gerar atrasos e aumentar custos de transporte, afetando diretamente a competitividade dos produtos brasileiros no mercado global.
Para garantir o crescimento sustentável e a liderança global, o setor precisa superar entraves estruturais e aproveitar acordos internacionais:
As projeções para o setor agropecuário em 2025 são otimistas. A expectativa de crescimento de 5% no PIB do agronegócio, aliada à diversificação de mercados, indica um fluxo de receitas ainda mais robusto.
Com a potencial entrada em vigor do acordo Mercosul-UE, a Europa pode se tornar um destino maior e, somada à expansão no Oriente Médio e no Sudeste Asiático, reduzir ainda mais a dependência de um único parceiro comercial.
Além disso, políticas públicas que estimulem investimentos em infraestrutura, crédito rural e pesquisa científica serão cruciais para sustentar o ritmo de inovação e produtividade.
Diante de um cenário global de incertezas, o Brasil tem a chance de consolidar-se como referência sustentável em produção agropecuária, transformando o superávit comercial em um vetor de desenvolvimento econômico e social.
Ao alinhar esforços entre setor público e privado, será possível fortalecer cadeias produtivas, gerar empregos e promover o desenvolvimento regional, garantindo que o agronegócio brasileiro continue sendo um pilar sólido da economia nacional.
Referências