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Empresas de bens de consumo se adaptam ao perfil do novo consumidor

Empresas de bens de consumo se adaptam ao perfil do novo consumidor

23/12/2024 - 12:32
Marcos Vinicius
Empresas de bens de consumo se adaptam ao perfil do novo consumidor

Nos últimos anos, o Brasil testemunhou uma transformação profunda no comportamento de compra de seus consumidores. Entre os fatores que impulsionaram essa mudança estão a inflação persistente, a incerteza econômica gerada pela pandemia e a crescente busca por tecnologia e conveniência. Diante desse cenário, as empresas de bens de consumo precisaram repensar suas estratégias para não apenas sobreviver, mas prosperar junto a um público mais seletivo e exigente.

Entender as motivações, os receios e as aspirações desse novo consumidor tornou-se essencial para manter relevância, aumentar a fidelidade e conquistar fatias de mercado promissoras. A capacidade de adaptar produtos, experiências e canais de venda reflete diretamente na percepção de valor e na satisfação do público-alvo.

Principais características do novo consumidor brasileiro

O perfil atual do comprador nacional revela uma combinação de prudência financeira e desejo por recompensas emocionais. A chamada geração cautelosa valoriza tanto o controle orçamentário quanto os pequenos prazeres cotidianos, exigindo das marcas uma abordagem equilibrada.

  • Consumo cauteloso e planejamento financeiro: 43% adotam decisões mais refletidas, reduzindo compras por impulso.
  • Busca por economia e melhor preço: 37% migraram de varejista em busca de ofertas mais vantajosas.
  • Impacto da inflação e orçamento apertado: 35% relatam preocupação maior com custo de alimentos.
  • Priorização do consumo dentro do lar: apesar do crescimento externo, o foco ainda está no conforto doméstico.
  • Autopresente – consumo planejado: 45% investem em mimos, mas com pesquisa prévia e metas financeiras.

Esse perfil menos impulsivo, embora continue valorizando momentos de prazer, busca produtos que entreguem vantagens claras, sejam elas econômicas, de qualidade ou emocionais. A faixa etária de 35 a 44 anos lidera esse movimento, apontando para consumidores em fase de consolidação de renda e planejamento familiar.

Decisores e influências de compra

Quando questionados sobre os fatores que determinam suas escolhas, os brasileiros ainda apontam o preço como protagonista, mas não o único elemento. A confiança na marca e a experiência de compra ganharam relevância, exigindo que empresas reforcem sua imagem e reputação.

  • Preço ainda é fator determinante: 43% priorizam custo baixo em produtos essenciais.
  • Confiança na marca e reputação: 38% valorizam credibilidade e histórico de qualidade.
  • Compra planejada com pesquisa prévia: 38% buscam referências antes da decisão final.
  • Adoção de novas experiências digitais: 37% já interagiram com realidade virtual nos últimos seis meses.

Além disso, os canais físicos e digitais se complementam na jornada de compra. O consumidor contemporâneo pesquisa online, testa o produto em loja e finaliza a aquisição no canal de maior conveniência. Essa fluidez exige que as marcas entreguem consistência e agilidade em todos os pontos de contato.

Impactos econômicos e ajustes das empresas

O período recente elevou a pressão sobre o poder de compra das famílias brasileiras. O aumento de 23% no preço de combos de refeição entre 2023 e 2024 tornou mais difícil para as classes D e E manterem hábitos de consumo fora do lar. Para esses grupos, o reajuste chegou a 30%, reforçando a volta ao produto em casa e a busca por alternativas acessíveis.

Em resposta, muitas empresas ampliaram suas linhas de produtos mais econômicos, conhecidas como iniciativas de trade-down e marcas acessíveis, permitindo que o consumidor mantenha a experiência de marca sem comprometer o orçamento. Além disso, observou-se um incremento na variedade de embalagens menores e ofertas em múltiplos formatos, acomodando diferentes perfis de consumo.

Essa adaptabilidade se reflete também na diminuição do ciclo de vida dos produtos. Lançamentos ocorrem em intervalos mais curtos, trazendo combinações inéditas entre ingredientes, embalagens promocionais e parcerias com influenciadores, tudo para estimular a experimentação de forma planejada.

O quadro acima revela tendências para o próximo ano, guiadas por preocupações com qualidade de vida e planejamento de médio e longo prazo. As marcas que souberem aliar benefícios tangíveis a atributos emocionais conquistarão espaços valiosos.

Estratégias das empresas de bens de consumo para se adaptar

Para navegar nesse ambiente de demandas sofisticadas, as organizações investem em soluções que vão além do produto, focando em jornadas completas de relacionamento e valor percebido.

  • Personalização de produtos e experiências: uso de dados para segmentar ofertas alinhadas a perfis emocionais.
  • Promoções e descontos direcionados: recompra em vez da aquisição por impulso, reforçando vínculo.
  • Adoção de omnicanalidade tecnológica: integração entre lojas físicas, e-commerce e realidade virtual.
  • Foco no consumo domiciliar: kits e pacotes especiais para uso em casa, em alimentos e bem-estar.

Além disso, programas de fidelidade ganham novas formas, com benefícios escalonados e mais flexíveis, permitindo que cada consumidor monte seu próprio percurso de recompensas. Chatbots e assistentes virtuais também são utilizados para orientar escolhas, tirar dúvidas e até sugerir substituições mais baratas quando o orçamento aperta.

Perspectivas para o futuro do consumo no Brasil

O horizonte aponta para um consumidor cada vez mais consciente, não apenas em relação ao preço, mas também à sustentabilidade e às responsabilidades socioambientais das marcas. Empresas que integrarem práticas éticas em toda a cadeia de valor terão vantagem competitiva.

Com a evolução de tecnologias como inteligência artificial, blockchain e Internet das Coisas, o rastreamento de produtos e a transparência em processos devem se tornar diferenciais. O diálogo direto com o cliente, via redes sociais e comunidades online, será essencial para construir laços de confiança duradouros.

Ao unir inovação digital com propósito, as marcas poderão antecipar desejos, prevenir crises de reputação e criar narrativas que emocionem. O verdadeiro desafio será equilibrar eficiência operacional com a construção de relacionamentos genuínos, promovendo não apenas transactções, mas memórias positivas.

Em síntese, adaptar-se ao novo consumidor brasileiro exige coragem para reinventar produtos, processos e canais. As empresas que abraçarem essa transformação com criatividade e empatia estarão preparadas para liderar o mercado nos próximos anos, estabelecendo um novo padrão de relacionamento e valor compartilhado.

Marcos Vinicius

Sobre o Autor: Marcos Vinicius

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