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Empresas de saúde apresentam resultados resilientes em tempos de crise

Empresas de saúde apresentam resultados resilientes em tempos de crise

10/08/2025 - 15:51
Marcos Vinicius
Empresas de saúde apresentam resultados resilientes em tempos de crise

Em meio a um cenário global marcado por incertezas econômicas e desafios sanitários, o setor de saúde brasileiro demonstrou uma capacidade extraordinária de adaptação e recuperação. Este artigo explora como as empresas de saúde navegaram pelas adversidades, mantendo a qualidade dos serviços e fortalecendo sua posição no mercado.

Impactos iniciais da crise e retração do setor

No início da pandemia de Covid-19, em 2020, o setor de saúde sofreu uma queda sem precedentes. O consumo de bens e serviços de saúde recuou 4,4% e o valor adicionado bruto do setor registrou recuo de 3,9%, acima dos 3,1% observados em outras atividades econômicas.

O cancelamento de consultas de rotina e a suspensão de cirurgias eletivas diminuíram drasticamente o volume de procedimentos. Apesar da relevância social, muitas clínicas e hospitais enfrentaram queda de receita, adaptação abrupta de protocolos e incremento de gastos com insumos e infraestrutura de segurança.

Resiliência e rápida recuperação pós-crise

O ano de 2021 marcou a virada de chave para o setor de saúde. Enquanto a maioria das atividades econômicas apresentava recuperação modesta, o consumo de bens e serviços de saúde cresceu 10,3%. Em paralelo, o valor adicionado das atividades de saúde avançou 7,4%, comparado a 4,3% nas demais atividades.

Esse desempenho se deveu a crescimento surpreendente de 10,3% que refletiu não apenas a retomada de procedimentos adiados, mas também o fortalecimento de serviços de urgência e telemedicina. A curva de recuperação do setor foi mais acelerada do que a observada em outros segmentos, comprovando sua tradicional inelasticidade dos gastos em saúde diante de crises.

Destaque das empresas de saúde suplementar

O segmento de saúde suplementar, formado por planos e seguros privados, mostrou-se especialmente robusto. Apesar da retração de 4,81% do PIB brasileiro em 2020, elevada taxa de desemprego e endividamento público, muitos operadores conseguiram manter e até expandir suas carteiras de clientes.

Em 2022, o setor suplementar enfrentou um prejuízo operacional recorde de R$ 11,5 bilhões — o maior desde 2001. Contudo, cases como o da Unimed João Pessoa evidenciam caminhos de sucesso: aumento para cerca de 175 mil vidas na carteira, alto nível de consolidação interna e 85% de adesão em eleição de liderança.

Estratégias de gestão, inovação e tecnologia

Para atravessar o período de maior tensão, muitas empresas implementaram investimentos significativos em tecnologia e processos de digitalização. Ferramentas de teleconsulta, sistemas de gestão integrados e plataformas de agendamento automatizado reduziram gargalos operacionais e ampliaram a percepção de valor pelos clientes.

  • Modernização administrativa e profissionalização de gestão;
  • Parcerias público-privadas e manutenção de subsídios;
  • Fortalecimento de reservas financeiras e controles de custos;

Essas medidas, aliadas à adoção de práticas de compliance e melhoria contínua, formaram a base de uma reação coordenada e eficiente em toda a cadeia produtiva.

Crescimento da participação dos gastos em saúde no PIB

Mesmo diante da retração inicial, a participação dos gastos com saúde no PIB brasileiro evoluiu de 9,6% em 2019 para 10,1% em 2020. Esse aumento refletiu variações nos preços de medicamentos (7,1%) e nos custos dos serviços públicos (29,3%), além de maior demanda tanto de famílias quanto de governos.

As oscilações nos indicadores econômicos demonstram que a sociedade continua priorizando o acesso à saúde, reafirmando-a como uma necessidade básica, não um luxo discrecional.

Principais indicadores de desempenho

Desafios persistentes e caminhos para sustentabilidade

Mesmo com resultados positivos, o setor enfrenta ainda maiores desafios operacionais e financeiros. A estagnação do gasto público per capita e a dificuldade de acesso a serviços na rede pública pressionam as contas e exigem novos modelos de financiamento.

  • Redução do acesso a serviços básicos e especiais;
  • Pressão crescente sobre preços e custos assistenciais;
  • Necessidade de políticas públicas mais estáveis e incentivos à pesquisa.

A sustentabilidade de longo prazo passa por um equilíbrio entre inovação, eficiência e ampliação da cobertura, considerando a diversidade do público e as especificidades regionais.

Perspectivas e tendências para o futuro pós-pandemia

Para os próximos anos, especialistas apontam tendências claras: adoção massiva de inteligência artificial na triagem de pacientes, expansão de serviços remotos e monitoramento domiciliar de condições crônicas. Essas tecnologias podem reduzir custos e elevar a qualidade de atendimento.

Além disso, espera-se maior integração entre setor público e privado, com programas de prevenção e educação em saúde voltados a reduzir a demanda por tratamentos de alta complexidade.

Em síntese, a crise acelerou transformações que já vinham na agenda do setor. A experiência do pós-pandemia deve servir como catalisador para um sistema de saúde mais resiliente, acessível e inovador, capaz de enfrentar futuros choques com agilidade e eficiência.

Marcos Vinicius

Sobre o Autor: Marcos Vinicius

Marcos Vinicius