No atual cenário econômico brasileiro, a queda do real frente ao dólar trouxe um impactante redesenho nas perspectivas de negócio para empresas voltadas ao exterior.
Enquanto setores que dependem de insumos importados enfrentam desafios, as exportadoras chegaram a um momento de oportunidade ímpar.
Em 2024, o real sofreu uma desvalorização acentuada, registrando alta de 27,36% do dólar frente à moeda brasileira — a maior variação desde 2020.
Nos meses de maio e junho de 2025, a divisa norte-americana flertou com R$ 5,60 e fechou junho em R$ 5,43, patamar elevado no período pós-pandemia.
Os principais motivos para essa desvalorização incluem o fortalecimento internacional do dólar, impulsionado por uma economia americana aquecida e políticas protecionistas, e o agravamento do déficit fiscal no Brasil, que reduziu o diferencial de juros em relação a outros mercados.
Para as empresas que exportam seus produtos, há um ganho de competitividade externa, pois seus preços se tornam mais atrativos para compradores internacionais.
Em março de 2025, o Brasil registrou um superávit comercial de US$ 8,2 bilhões, evidenciando o superávit comercial de US$ 8,2 bilhões que muitos analistas já vinham prevendo.
O aumento da demanda e do volume das exportações gerou fluxos de receita em dólar que, convertidos para reais, ampliaram significativamente a margem de lucro de diversos setores.
A desvalorização cambial não traz apenas benefícios isolados. Ao mesmo tempo em que as exportações ganham força, há um aumento no custo de produtos importados.
Esse fenômeno alimenta a pressão inflacionária e custos elevados para insumos industriais, componentes eletrônicos e commodities não produzidas internamente.
Segundo projeções, o IPCA deverá acumular alta de 6,1% em 2025, acima do teto da meta oficial de 3%.
Empresas exportadoras que dependem fortemente de tecnologia ou máquinas importadas podem ver seus custos de produção aumentarem, reduzindo parte das vantagens geradas pela alta do dólar.
Apesar dos ganhos, existem riscos que exigem atenção estratégica.
Além disso, a busca por lucros encorajados pelo câmbio pode levar a decisões de curto prazo, desconsiderando investimentos em inovação e produtividade.
Para o restante de 2025, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta uma taxa média do dólar em R$ 5,70, com possibilidade de chegar a R$ 6 em cenários de risco elevado.
Ao mesmo tempo, a taxa Selic permanece em níveis historicamente altos (14,75%), influenciando o custo do capital e a atratividade de investimentos.
Diante desse ambiente, as exportadoras podem adotar algumas medidas para consolidar ganhos e mitigar riscos:
Num momento em que competitividade global se intensifica, as exportadoras brasileiras encontram na desvalorização do real uma janela para crescer e diversificar mercados.
No entanto, é fundamental adotar uma visão de longo prazo, equilibrando a busca por receitas em dólar com investimentos que promovam resiliência e inovação.
Com uma gestão proativa, políticas públicas adequadas e planejamento financeiro sólido, as empresas podem não apenas surfar a onda cambial, mas consolidar sua posição competitiva no cenário internacional.
Referências