Logo
Home
>
Análise de Mercado
>
Empresas familiares buscam governança para acessar o mercado de capitais

Empresas familiares buscam governança para acessar o mercado de capitais

07/11/2025 - 02:53
Robert Ruan
Empresas familiares buscam governança para acessar o mercado de capitais

Em um cenário econômico cada vez mais competitivo, as empresas familiares brasileiras estão em busca de estruturas sólidas de governança para conquistar acesso ao mercado de capitais e garantir sua longevidade.

O papel das empresas familiares na economia brasileira

As empresas familiares representam uma grande fatia do mercado nacional, exercendo papel fundamental na geração de empregos e na inovação. Apesar da relevância, não existe legislação específica que regule esse tipo de negócio, o que gera lacunas em áreas como direito sucessório e tributário.

Sem um arcabouço legal definido, muitas organizações sofrem com fragilidades herdadas das dinâmicas familiares, que podem comprometer decisões estratégicas e a continuidade do negócio.

Governança como requisito para acessar o mercado de capitais

Para ingressar no mercado de capitais, especialmente no Novo Mercado da B3, é necessário atender a elevados padrões de transparência, equidade e prestação de contas. Esses requisitos fortalecem a credibilidade da empresa perante investidores e elevam o valor percebido de suas ações.

Além disso, a adoção de práticas de governança facilita o processo de IPO (Oferta Pública Inicial), pois reduz os riscos jurídicos e oferece segurança aos acionistas minoritários.

Pressões do mercado e tendências recentes

No período entre 2023 e 2024, as emissões de instrumentos de captação saltaram de R$ 55 bilhões para R$ 250 bilhões. Esse crescimento expressivo reflete o apetite de investidores de varejo e institucionais por ativos bem estruturados e regulamentados.

  • Retomada dos IPOs no Brasil e no exterior;
  • Crescente atuação de fundos de private equity em empresas familiares;
  • Exigência de relatórios de sustentabilidade e ESG;
  • Pressão para adoção de conselhos independentes e comitês técnicos.

Essas tendências reforçam a necessidade de revisão constante das estruturas internas para atender às expectativas do mercado.

Instrumentos e boas práticas de governança

Para estruturar uma governança corporativa eficiente, as empresas familiares devem considerar diversos instrumentos, tais como:

  • Acordo de sócios/acionistas com regras claras de entrada e saída;
  • Conselhos de administração ou consultivo com membros independentes;
  • Protocolo de família definindo princípios e valores comuns;
  • Implementação de programa de compliance e ética empresarial;
  • Segregação patrimonial entre ativos familiares e empresariais.

Uma visão sintética desses instrumentos pode ser apresentada na tabela a seguir:

Desafios e resistências específicas

Implantar governança em empresas familiares envolve superar barreiras culturais e emocionais. Entre os principais desafios, destacam-se:

  • Gestão de conflitos familiares que afetam o clima organizacional;
  • Planejamento de sucessão para garantir a transição geracional;
  • Resistência à profissionalização, especialmente na contratação de executivos externos.

Sem um processo claro de sucessão, a continuidade do negócio pode ficar comprometida, e a falta de profissionalização impacta a capacidade de inovação e de adaptação ao mercado.

Casos recentes e oportunidades de crescimento

O mercado brasileiro tem visto exemplos de empresas familiares que se profissionalizaram com sucesso. Muitas delas escolheram o Novo Mercado da B3 como porta de entrada para novos investidores e alcançaram maior liquidez antes inimaginável.

Fundos de private equity, por sua vez, oferecem alternativas de financiamento que aliam capital e expertise de mercado, acelerando a expansão e permitindo a diversificação de produtos e serviços.

Recomendações práticas para a jornada

Para iniciar ou intensificar o processo de governança, é essencial seguir algumas práticas fundamentais:

  • Antecipar o planejamento de governança antes do IPO;
  • Formalizar acordos societários robustos e revisá-los periodicamente;
  • Incluir membros independentes nos conselhos;
  • Adotar um programa efetivo de compliance e código de ética;
  • Implementar canais de comunicação transparentes com o mercado;
  • Segregar claramente o patrimônio empresarial do familiar.

Essas ações não apenas aumentam a atratividade da empresa para investidores, mas também promovem uma cultura interna de responsabilidade e meritocracia.

Conclusão: o futuro das empresas familiares governadas

Ao abraçar práticas de governança corporativa, as empresas familiares ganham em credibilidade, valor de mercado e sustentabilidade a longo prazo. A profissionalização e a transparência deixam de ser apenas exigências externas e se tornam pilares de uma gestão eficiente.

Com as novas tendências de ESG e o fortalecimento do mercado de capitais, as organizações que investirem nessa transformação estarão melhor posicionadas para competir, inovar e perpetuar o legado familiar.

Robert Ruan

Sobre o Autor: Robert Ruan

Robert Ruan é redator especializado em finanças pessoais no alxlen.com. Focado em educação financeira, ele produz textos que mostram como pequenas atitudes podem transformar a relação das pessoas com o dinheiro. Seu objetivo é orientar os leitores a organizarem suas finanças e conquistarem estabilidade econômica com segurança e conhecimento.