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Fundo de papel para foco em crédito privado

Fundo de papel para foco em crédito privado

01/10/2025 - 01:58
Marcos Vinicius
Fundo de papel para foco em crédito privado

Em meio a um cenário econômico cada vez mais desafiador, investidores buscam alternativas que alavanquem seus ganhos sem abrir mão da segurança. Os fundos de papel para crédito privado surgem como solução, reunindo títulos emitidos por empresas sólidas e oferecendo potencial de retorno atrativo. Este artigo explora em detalhes a estrutura, os riscos, as oportunidades e as tendências desse segmento em ascensão no Brasil.

O que é um fundo de papel em crédito privado?

O termo “fundo de papel” remete aos fundos de investimento que concentram sua carteira em títulos de renda fixa emitidos por empresas privadas, como debêntures, CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários), CRA (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) e FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios). Ao contrário dos fundos high yield, que buscam ativos de maior risco, os fundos de papel equilibram segurança e rentabilidade.

Esses fundos são estruturados para proporcionar ao investidor exposição a uma diversificação do portfólio em diversos setores, especialmente infraestrutura, energia e agronegócio. A gestão ativa permite selecionar emissões com garantias e ratings elevados, controlando a qualidade dos ativos e a liquidez da carteira.

Panorama do mercado brasileiro

Após 2020, o mercado em ascensão de crédito privado ganhou força no Brasil. Em 2024, a captação total atingiu R$ 633,6 bilhões, impulsionada por debêntures, que somaram R$ 381,4 bilhões, sobretudo do setor de infraestrutura.

No primeiro trimestre de 2025, houve captação de R$ 97 bilhões, uma queda de 19% em relação a igual período de 2024, reflexo de um ambiente macroeconômico mais cauteloso. Mesmo assim, a adesão de investidores pessoa física cresce, com R$ 49,4 bilhões em subscrições de títulos isentos de imposto no ano passado.

Principais instrumentos e estratégias de seleção

Os gestores de fundos de papel aplicam critérios rígidos na escolha dos ativos, considerando fatores como rating do emissor, garantias oferecidas e liquidez no mercado secundário. Entre os principais papéis, destacam-se:

  • Debêntures de infraestrutura e energia;
  • CRI e CRA de longo prazo com garantias reais;
  • FIDCs estruturados em tranches, que permitem análise criteriosa da qualidade e segmentação de risco;
  • Notas comerciais de empresas de grande porte.

Para preservar a carteira em cenários voláteis, é comum adotar estratégias de protection, como aquisições de papéis sênior com maior prioridade de pagamento, além de controle de duration para reduzir a sensibilidade a juros.

Perfil de investidor, riscos e retorno esperado

Os fundos de papel atraem desde investidores conservadores até aqueles mais arrojados, em busca de retorno superior ao CDI sem abrir mão da segurança relativa. Institucionais e pessoa física encontram nesses produtos um meio de diversificar além dos títulos públicos.

Entretanto, é fundamental compreender os principais riscos envolvidos:

  • Risco de crédito do emissor, que pode não honrar pagamentos;
  • Risco de liquidez, dificultando venda rápida de papéis;
  • Marcação a mercado, que pode elevar a volatilidade no valor das cotas.

Apesar de oferecer spreads atrativos, a rentabilidade está sujeita a oscilações conforme as condições macroeconômicas e a avaliação de risco das empresas.

Exemplo de estrutura de um fundo de papel

Um grande player como o Itaú Asset Management gere mais de R$ 460 bilhões em crédito privado, incluindo fundos de papel que selecionam debêntures de infraestrutura. Nesse modelo, a carteira típica pode ter 60% em debêntures sênior, 25% em FIDCs bem estruturados e 15% em papéis de curto prazo para liquidez imediata.

A estruturação envolve due diligence aprofundada, análise jurídica de garantias e simulações de cenários de inadimplência. Além disso, a carteira é monitorada diariamente para ajustar a exposição a possíveis aumentos de risco e aproveitar novas emissões com condições favoráveis.

Tendências, desafios e oportunidades para 2025

Para o próximo ano, espera-se manutenção dos spreads, com investidores buscando ampliação de horizontes em crédito privado. A diversificação em trilhas de risco e prazos pode gerar ganhos consistentes mesmo em ambiente incerto.

Entretanto, desafios persistem:

  • Volatilidade macroeconômica global;
  • Dependência dos bancos como intermediários;
  • Necessidade de análise profunda da qualidade dos emissores.

Entre as oportunidades estão o desenvolvimento de produtos inovadores, como FIDCs estruturados em tranches de crédito rural, incentivos fiscais em setores prioritários e maior profissionalização da base de investidores pessoa física.

Conclusão prática para investidores

Ao considerar um fundo de papel para foco em crédito privado, avalie cuidadosamente o histórico de performance do gestor, a composição da carteira e a política de gestão de riscos. Consulte sempre o prospecto e o regulamento para entender taxas e condições de resgate.

Com uma estratégia bem definida e a escolha de produtos alinhados ao seu perfil, é possível aproveitar o potencial de retorno acima do CDI, diversificando e protegendo sua carteira contra oscilações do mercado.

Marcos Vinicius

Sobre o Autor: Marcos Vinicius

Marcos Vinicius