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Fundos passivos ganham relevância nas carteiras dos brasileiros

Fundos passivos ganham relevância nas carteiras dos brasileiros

15/09/2025 - 03:51
Felipe Moraes
Fundos passivos ganham relevância nas carteiras dos brasileiros

O cenário de investimentos no Brasil viveu um momento de transformação em 2024, com dados expressivos que revelam uma onda de confiança renovada dos investidores. Após dois anos desafiadores, o setor alcançou patamares inéditos, impulsionando o debate sobre o papel dos fundos passivos nas estratégias de alocação de recursos.

Crescimento histórico da indústria de fundos

Em 2024, a indústria brasileira de fundos de investimento registrou captação líquida positiva de R$ 60,7 bilhões, rompendo uma sequência de retiradas que somaram mais de R$ 235 bilhões em 2022 e 2023. Esse resultado reflete não apenas o apetite renovado pelo mercado, mas também a busca por soluções mais estáveis e transparentes.

O patrimônio líquido agregado atingiu a marca de R$ 9,2 trilhões, um avanço de 10,1% em 2024 que sinaliza um ciclo de expansão sustentável. Para quem acompanha de perto, esse movimento representa um ponto de inflexão na confiança dos investidores perante a economia brasileira.

Protagonismo dos fundos de renda fixa

O destaque da virada de fluxo veio dos fundos de renda fixa, que registraram captação líquida positiva de R$ 243 bilhões em 2024, revertendo a saída de R$ 58 bilhões no ano anterior. Em contraste, os fundos multimercados sofreram retiradas de R$ 356,7 bilhões, evidenciando a preferência por alternativas mais conservadoras.

Esse contexto se fortalece diante da expectativa de aumento da taxa Selic, que tende a reforçar o apelo dos fundos com taxas de administração mais baixas e rendimentos atrelados aos principais índices de referência.

O fenômeno dos fundos passivos

Fundos passivos são veículos de investimento que buscam replicar índices de mercado, como o CDI ou o Ibovespa. A proposta se baseia em baixo custo e simplicidade na gestão, eliminando a necessidade de decisões frequentes de alocação por gestores ativos.

Nos últimos anos, a volatilidade dos mercados e os resultados mistos dos fundos ativos tornaram o modelo passivo ainda mais atrativo. Com isso, cresce o interesse por soluções que oferecem previsibilidade e disciplina, sem abrir mão de retorno consistente no longo prazo.

Mudanças no perfil do investidor brasileiro

O investidor moderno no Brasil mostra-se cada vez mais consciente dos custos e da relação entre risco e retorno. A jornada para um portfólio mais eficiente tem sido marcada pela busca por diversificação e automação nas carteiras.

  • Fonte de informação digital e acesso instantâneo a desempenho
  • Maior sensibilidade a taxas de administração e performance
  • Preferência por produtos de fácil entendimento
  • Crescimento de plataformas de investimento e fintechs

Atualmente, há 5.702 fundos voltados a investidores profissionais, 2.614 para o público geral e 887 para investidores qualificados, refletindo a amplitude de opções ajustadas a diferentes perfis.

Comparação histórica de performance: ativos x passivos

Embora alguns fundos de ações ativos tenham superado o Ibovespa — 66% no primeiro semestre de 2025 —, a performance ao longo de janelas mais longas revela desafios. Em 2024, somente 16,7% desses fundos superaram o CDI; em cinco anos, apenas 12,8% conseguiram esse feito.

Por outro lado, o CDI acumulou 10,9% em 2024 e 5,9% nos primeiros meses de 2025, totalizando 51% no último quinquênio. Para muitos investidores, replicar esses índices por meio de fundos passivos tornou-se a estratégia mais eficiente para capturar o desempenho de mercado com perfil mais conservador e disciplinado.

Impacto regulatório e inovações tecnológicas

A indústria de fundos passa por adaptações regulatórias, como a Resolução 175, que visa simplificar e modernizar as regras, tornando o mercado mais competitivo e transparente. Essa evolução regulamentar tem fomentado o lançamento de novas carteiras passivas e indexadas.

Paralelamente, a digitalização e plataformas de investimento ampliam o alcance dos fundos passivos. Fintechs e gestoras independentes chegam ao mercado oferecendo interfaces intuitivas, robôs de investimento e serviços personalizados, democratizando o acesso a estratégias antes restritas.

Tendências e projeções para 2025

Especialistas apontam para a continuidade do avanço dos fundos de renda fixa e passivos, sustentados pela combinação de juros elevados, segurança e minimização de custos. A ANBIMA reforça que o ambiente favorável nas condições macroeconômicas deve atrair ainda mais recursos.

Investidores que valorizam segurança e custos reduzidos tendem a manter ou ampliar sua exposição a esses produtos, enquanto o ecossistema de investimento evolui em direção a soluções cada vez mais automatizadas e ágeis.

Dicas práticas para incluir fundos passivos na sua carteira

  • Avalie sua tolerância a riscos antes de escolher o índice de referência
  • Verifique taxas de administração e compare alternativas similares
  • Considere fundos de acumulação para reinvestir automaticamente os proventos
  • Monitore periodicamente o desempenho em relação ao índice seguido
  • Combine fundos passivos com produtos de perfil diferente para diversificar

Em um mundo de incertezas, a clareza e a previsibilidade dos fundos passivos oferecem um alicerce sólido para quem busca crescimento sustentável. Mais do que números, essas soluções representam um convite à disciplina e ao planejamento, pilares essenciais para qualquer jornada de investimento bem-sucedida.

Felipe Moraes

Sobre o Autor: Felipe Moraes

Felipe Moraes