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Novos indicadores ESG impactam avaliação de empresas listadas

Novos indicadores ESG impactam avaliação de empresas listadas

18/01/2025 - 00:13
Maryella Faratro
Novos indicadores ESG impactam avaliação de empresas listadas

O avanço das pautas ambientais, sociais e de governança transformou a forma como investidores avaliam empresas listadas, exigindo mais transparência e compromisso concreto.

Crescimento e Transformação dos Fundos ESG no Brasil

O mercado brasileiro de investimentos sustentáveis tem apresentado uma trajetória de expansão notável. Em maio de 2025, fundos com estratégias ESG atingiram R$ 34 bilhões em patrimônio sob gestão, refletindo um crescimento de 28% no acumulado do ano. Esse aumento demonstra a consolidação de uma visão de longo prazo, mesmo diante de um cenário de juros elevados.

Apesar da alta expressiva no volume de recursos, houve uma mudança no perfil de alocação dos investidores, que migraram da renda variável para a renda fixa ESG, em busca de maior estabilidade e proteção contra volatilidades.

  • 193 fundos ESG ativos no Brasil;
  • 127 fundos IS com objetivos sustentáveis formais;
  • 66 fundos ESG-related, que consideram fatores ESG no processo decisório;
  • Fundos de ações IS valorizados em 41% desde abril de 2022.

O desempenho histórico corrobora a relevância dessa estratégia: enquanto os fundos de ações IS subiram 41%, os ESG-related avançaram 31,7%. Em contraste, a indústria geral de fundos de ações cresceu 21,9%, comprovando que fundos ESG superaram o mercado geral.

Novos Requisitos e Indicadores ESG em 2025

A partir deste ano, empresas listadas na B3 devem atender a normas internacionais reconhecidas, como GRI (Global Reporting Initiative) e TCFD (Task Force on Climate-Related Financial Disclosures). Essa evolução tem por objetivo padronizar a divulgação de dados e elevar o nível de comparabilidade.

Entre as principais mudanças, destacam-se:

  • Obrigatoriedade de relatórios mais detalhados e transparentes sobre impactos ambientais e sociais;
  • Inclusão de indicadores de riscos climáticos e estratégias de mitigação;
  • Maior peso para métricas de diversidade e inclusão, presentes em 41% dos ativos ESG;

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) exige agora que todas as empresas listadas apresentem um diagnóstico completo de suas emissões de gases de efeito estufa, assim como planos de ação para redução e compensação.

Implementação da Taxonomia Sustentável e Mercado de Carbono

Em 2025, o Brasil avança na adoção de uma taxonomia sustentável para classificar atividades alinhadas aos objetivos de sustentabilidade. Esse sistema facilitará a identificação de projetos elegíveis para investimentos com critérios ESG.

Além disso, a nova lei do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) estabelece a negociação de ativos financeiros baseados em emissões de GEE. Essa iniciativa amplia o mercado de carbono, gerando oportunidades de negociação de ativos financeiros baseados em créditos de carbono e ampliando a responsabilidade corporativa.

Impacto dos Indicadores ESG na Avaliação das Empresas Listadas

Dados recentes indicam que empresas com práticas ESG robustas apresentam melhor desempenho de mercado e menor custo de capital. Investidores passaram a enxergá-las como menos sujeitas a riscos reputacionais e financeiros, o que se reflete em valuations mais altos.

As métricas associadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU reforçam o alinhamento estratégico entre desempenho econômico e responsabilidade social. Assim, companhias que reportam avanços em clima, diversidade, governança e comunidade tendem a ser premiadas pelo mercado.

Essa superioridade no desempenho mostra que investidores valorizam empresas comprometidas com metas sociais e ambientais, criando um ciclo virtuoso de atração de capital sustentável.

Desafios e Oportunidades para Empresas Listadas

A adaptação às novas normas apresenta desafios significativos. As empresas precisam aprimorar a governança e investir em tecnologias para monitorar emissões e impactos sociais. Ao mesmo tempo, existe uma oportunidade para se diferenciar no mercado.

  • Integração de sistemas de gestão ESG para garantir a qualidade dos dados;
  • Aprimoramento de políticas de diversidade e inclusão para atender às novas métricas;
  • Engajamento de stakeholders em projetos comunitários e ambientais;
  • Implementação de métodos avançados de mitigação de riscos climáticos.

Ao antecipar essas demandas, as empresas conquistam vantagem competitiva e atração de investidores, com acesso mais fácil a financiamentos e melhores condições de crédito.

Perspectivas para Investidores e o Mercado

O cenário pós-2025 tende a ser marcado por um aumento da sofisticação na análise de riscos e oportunidades. Investidores institucionais incorporarão indicadores ESG de forma sistemática em seus processos de seleção de ativos.

  • Expansão do uso de rating ESG como critério decisório;
  • Crescimento de produtos financeiros verdes e sustentáveis;
  • Maior participação de investidores internacionais em fundos brasileiros.

Essa transformação reforça a importância de uma visão integrada de valor, em que resultados financeiros e impactos socioambientais caminham juntos rumo a um futuro mais equilibrado e resiliente.

Em suma, os novos indicadores ESG impactam diretamente a avaliação de empresas listadas, redefinindo padrões de competitividade e criando oportunidades para quem se posiciona à frente das mudanças. A jornada é desafiadora, mas os benefícios para organizações, investidores e a sociedade tornam-se cada vez mais evidentes.

Maryella Faratro

Sobre o Autor: Maryella Faratro

Maryella Faratro