O Brasil, com sua dimensão continental e múltiplos setores em expansão, tem se destacado como destino de interesse para fundos de private equity ao redor do mundo. Apesar de um período recente de retração, o cenário atual sinaliza grandes oportunidades de recuperação e um ambiente fértil para investidores dispostos a explorar as particularidades do mercado nacional.
Em escala global, o valor de transações de private equity e venture capital está projetado para crescer 18% em 2024, segundo dados da Dealogic. No Brasil, entretanto, entre janeiro e maio de 2024, os aportes somaram R$ 5,4 bilhões, refletindo uma queda de 19,4% comparada ao mesmo período de 2023 (TTR Data).
O ano de 2023 registrou 64 transações até setembro, totalizando R$ 14,1 bilhões; em 2024, até o mesmo mês, foram apenas 51 operações, com R$ 8,7 bilhões investidos. No acumulado de 2023, o volume ultrapassou R$ 23,9 bilhões (ABVCAP). Esses números ilustram uma fase de retração alinhada ao cenário global, mas também apontam para um acúmulo de recursos em busca de alocação.
Esse volume expressivo de dry powder aguardando alocação indica que muitos fundos ainda estão na fase de due diligence, preparando-se para acelerar o ritmo de deals a partir do segundo semestre de 2024, com expectativa de retomada plena em 2025.
Um conjunto de fatores macro e microeconômicos tem colocado o Brasil no radar de gestores globais:
Além disso, grandes bancos internacionais, como o Goldman Sachs, destacam o potencial de crescimento do país, especialmente se reformas estruturais avançarem, criando espaço para dobrar ou triplicar o tamanho da economia ao longo da próxima década.
Apesar das perspectivas otimistas, alguns entraves ainda concentram a atenção dos investidores:
Superar esses desafios requer paciência estratégica, uso de estratégias de reestruturação corporativa e busca por alternativas de saída, como vendas secundárias ou trade sales para players locais e regionais.
No Brasil, o principal veículo para investimentos em private equity é o FIP (Fundo de Investimento em Participações), regido pela Instrução CVM 578. Para cumprir as normas, os FIPs devem alocar pelo menos 90% de seu capital em ativos de companhias brasileiras, obedecer às exigências de governança e manter um conselho consultivo de cotistas.
Investidores estrangeiros também devem atender a regras do Banco Central e a obrigações tributárias locais, o que garante maior transparência e segurança jurídica. Essas salvaguardas têm sido percebidas como um diferencial para fundos preocupados com compliance e responsabilidade corporativa.
O horizonte para o próximo ano se mostra promissor, apoiado por algumas tendências-chave:
Com a expectativa de juros em queda e estabilidade inflacionária, 2025 pode marcar o retorno de grandes operações e o lançamento de novos fundos específicos para o mercado brasileiro.
Para gestores e investidores interessados em capturar valor nesse momento, algumas práticas podem fazer a diferença:
Além disso, acompanhar de perto possíveis reformas fiscais e regulatórias pode antecipar movimentos de mercado e posicionar fundos para capturar ganhos em ativos descontados.
O mercado brasileiro de private equity vive um momento de transição: ainda é cedo para falar em plena retomada, mas há sinais claros de que o capital disponível aguarda rentabilidades atrativas. Com gestão robusta e visão de longo prazo, investidores podem se posicionar de forma estratégica, aproveitando a combinação de juros em queda, estabilidade econômica e oportunidades estruturais em setores-chave.
Em um cenário global marcado por incertezas, o Brasil surge como um destino promissor, cuja diversidade de setores e força demográfica oferecem terreno fértil para quem deseja construir valor sustentável e retornos sólidos no médio e longo prazo.
Referências