O mercado de fintechs no Brasil e na América Latina vive um momento de transformação acelerada, marcado por fusões, aquisições e colaborações estratégicas que visam impulsionar o crescimento de forma sustentável.
Em 2025, o Brasil concentra mais de 1.700 fintechs em operação, posição de liderança no ecossistema latino-americano, seguido por México, Colômbia e Argentina. Esse número representa uma voraz onda de inovação financeira que vem remodelando hábitos de consumo e serviços bancários.
O ciclo recente de investimentos, que atingiu seu auge em 2020-2021, sofreu uma desaceleração em 2022-2023, mas voltou a crescer no primeiro quadrimestre de 2025. Foram registradas 476 operações de M&A nesse período, tornando-se o segundo melhor começo de ano da história, atrás apenas de 2022.
Ao longo da última década, as fintechs brasileiras captaram mais de US$ 10 bilhões em aportes, e o último trimestre de 2024 foi o mais expressivo em 30 meses no que se refere a investimentos recebidos.
Num ambiente de intensa competição, bancos tradicionais e empresas globais passaram a ver as fintechs como aliadas, não apenas como rivais. Iniciativas como Santander X e Distrito demonstram o poder da inovação aberta e colaboração para acelerar o desenvolvimento de soluções.
As operações de M&A também ganharam força entre startups: em 2024, 52% das transações envolveram fintechs adquirindo outras fintechs, evidenciando um movimento de consolidação interna e expansão de portfólio de serviços.
Além disso, grandes players internacionais, como Mastercard, injetaram recursos significativos, a exemplo dos US$ 300 milhões direcionados a uma unidade brasileira de pagamentos cross-border, trazendo capital e expertise ao ecossistema local.
O foco em eficiência operacional e digitalização avançada é um dos principais vetores para as transações de 2025. Soluções baseadas em inteligência artificial, blockchain e Open Finance figuram no radar de investidores que buscam diferenciais tecnológicos claros.
Outro ponto determinante é a maturidade das startups. Investidores priorizam empresas com governança transparente, demonstrativos financeiros robustos e controles contábeis bem estruturados, reduzindo riscos e possibilitando valorizações mais confiáveis.
Adicionalmente, a necessidade de ampliação de portfólio e base de clientes leva fintechs a buscar fusões e parcerias que ofereçam acesso imediato a novos mercados, segmentos e produtos, potencializando receitas e escala de operação.
A fintech Clara, especializada em gestão financeira corporativa, recebeu um aporte de US$ 80 milhões liderado por fundos globais como Citi Ventures e General Catalyst, demonstrando confiança internacional no talento brasileiro.
Na área de infraestrutura de crédito, a aquisição da Grafeno pela Vórtx reforçou a capacidade de processamento de dados e análise de risco, ampliando a oferta de produtos financeiros para micro, pequenas e médias empresas.
O aporte de US$ 300 milhões da Mastercard em uma operação de pagamentos cross-border no Brasil ilustra como players globais veem potencial de escalar soluções criadas por fintechs nacionais para mercados internacionais.
O crescimento sustentável é a meta central. Fintechs e bancos buscam equilíbrio entre inovação acelerada e compliance rigoroso, garantindo solidez ao ecossistema e mantendo o país como referência tecnológica global.
A cultura de inovação aberta e colaboração contínua tende a se intensificar, com mais programas de aceleração, hubs de inovação e parcerias público-privadas voltadas ao desenvolvimento de soluções financeiras inclusivas.
O interesse de capital estrangeiro deve permanecer em alta, motivado pela maturidade do mercado brasileiro e pelas oportunidades de expansão regional, sobretudo em operações cross-border e em nichos como crédito rural, seguros digitais e pagamentos instantâneos.
O segmento de fintechs no Brasil e na América Latina está em um ponto de inflexão, no qual a união de forças entre startups, bancos e investidores globais se torna o caminho mais promissor para escalar serviços e ampliar a inclusão financeira.
Com estratégias de parcerias inteligentes, operações de M&A bem direcionadas e atenção às tendências tecnológicas, o setor se fortalece e se prepara para uma nova fase, em que inovação e sustentabilidade caminham lado a lado.
Para empreendedores e investidores, a mensagem é clara: colaborar e compartilhar conhecimento é tão importante quanto desenvolver soluções pioneiras, pois é na soma de expertise e recursos que se constrói o futuro do mercado financeiro.
Referências