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Priorize quitar dívidas caras antes de investir mais

Priorize quitar dívidas caras antes de investir mais

05/05/2025 - 23:13
Felipe Moraes
Priorize quitar dívidas caras antes de investir mais

Viver endividado é um peso que corrói sonhos e limita escolhas. Em um país onde o crédito é oneroso, entender a sequência correta de prioridades faz toda a diferença. Antes de buscar rendimentos, é preciso enfrentar o desafio de colocar as finanças em ordem.

Cenário atual do endividamento no Brasil

Em outubro de 2024, 73,1 milhões de brasileiros carregavam algum tipo de dívida, segundo o Serasa. Esse número representa uma das maiores taxas históricas, refletindo o forte impacto da pandemia e da alta inflação no orçamento familiar.

O montante total das dívidas de pessoas físicas alcançou R$ 438 bilhões, com média de R$ 1.588 por pessoa. Esse valor é 13% superior ao registrado em março de 2024, mostrando um agravamento contínuo.

Quem está mais afetado

O endividamento atinge todas as faixas etárias, mas com intensidades diferentes:

  • 41 a 60 anos: 35,1%
  • 26 a 40 anos: 34,0%
  • Acima de 60 anos: 19,2%
  • 18 a 25 anos: 11,8%

Esses dados mostram que a vida adulta, justamente no auge da responsabilidade financeira, é a mais pressionada pela falta de controle dos gastos e pelo uso excessivo do crédito.

Composição das dívidas: o que pesa no bolso

A maior parte das obrigações financeiras concentra-se em modalidades com juros elevados. Conhecer essas categorias ajuda a definir quais dívidas priorizar.

O cartão de crédito em especial tem se tornado uma complemento de renda perigoso, já que o rotativo pode ultrapassar 300% ao ano, jogando o consumidor em um ciclo quase impossível de quebrar.

O vilão escondido: taxas de juros

Com a Selic em 14,75%, o custo do dinheiro nunca foi tão alto. Isso encarece todas as linhas de crédito, sobretudo as mais caras, como cartão, cheque especial e empréstimos em financeiras.

Enquanto a inflação anual de 5,53% corrói o poder de compra, o juro do rotativo pode subir acima de 12% ao mês. Esse contraste faz com que, financeiramente, seja impraticável investir antes de quitar.

Por que quitar antes de investir

Na prática, matemática financeira simples ensina que não há retorno em investimento que supere dívidas com 200% ou 300% ao ano. Destinar recursos para aplicações sem zerar essas obrigações resulta em prejuízo líquido.

Ao priorizar a quitação, você:

  • Reduz o montante de juros pagos no longo prazo
  • Recupera o score de crédito, abrindo portas para financiamentos mais baratos
  • Conquista estabilidade financeira para planejar metas reais

Somente após eliminar as dívidas caras vale a pena pensar em investimentos automáticos ou em fundos de baixo risco.

Impactos no orçamento pessoal e empresarial

O endividamento não afeta apenas famílias: mais de 7 milhões de empresas estão inadimplentes, com R$ 156,1 bilhões em débitos. Esse cenário reforça a ideia de uma economia em que o crédito caro é um obstáculo para o crescimento.

No âmbito individual, quem paga juros altos praticamente financia o bolso de bancos e financeiras, em vez de criar patrimônio próprio. Cada real aplicado em dívidas caras equivale a um investimento negativo.

Armadilhas comuns antes de quitar dívidas

Muitos caem na ilusão de ganhos rápidos, apostando em trades, criptomoedas ou até apostas esportivas. Essas estratégias frequentemente agravam o desespero financeiro quando não surtem efeito.

Evite:

  • Acreditar em “viradas” milagrosas sem garantia
  • Transferir saldo de um cartão para outro sem planejamento
  • Contrair empréstimos pessoais para aplicar em renda variável

Orientações práticas para sair do vermelho

Estabelecer um plano claro é o primeiro passo para tomar as rédeas das finanças:

  • Liste todas as dívidas: credor, valor, taxa de juros e prazo
  • Priorize o pagamento daquelas com maior juro mensal
  • Negocie condições em feirões de renegociação e programas governamentais
  • Use o método bola de neve ou avalanche, de acordo com seu perfil
  • Programe aportes automáticos em uma reserva de emergência

Somente com as bases financeiras sólidas é possível olhar para os investimentos com confiança.

Conclusão: a liberdade começa no controle

Especialistas alertam: este é o momento mais desafiador para contrair novas dívidas. Com a Selic próxima ao maior nível em duas décadas, a pressão sobre o orçamento aumenta a cada dia.

Ao escolher quitar dívidas caras antes de investir mais, você assume o controle do seu futuro financeiro. É um passo corajoso, mas essencial para quem deseja conquistar objetivos de longo prazo, como a compra de um imóvel, a educação dos filhos ou a aposentadoria tranquila.

A verdadeira transformação financeira começa quando decidimos enfrentar dívidas de frente. Com perseverança e disciplina, é possível resgatar a saúde econômica e construir um patrimônio sólido. O primeiro investimento deve ser sempre em você mesmo, na sua tranquilidade e segurança.

Felipe Moraes

Sobre o Autor: Felipe Moraes

Felipe Moraes