Viver endividado é um peso que corrói sonhos e limita escolhas. Em um país onde o crédito é oneroso, entender a sequência correta de prioridades faz toda a diferença. Antes de buscar rendimentos, é preciso enfrentar o desafio de colocar as finanças em ordem.
Em outubro de 2024, 73,1 milhões de brasileiros carregavam algum tipo de dívida, segundo o Serasa. Esse número representa uma das maiores taxas históricas, refletindo o forte impacto da pandemia e da alta inflação no orçamento familiar.
O montante total das dívidas de pessoas físicas alcançou R$ 438 bilhões, com média de R$ 1.588 por pessoa. Esse valor é 13% superior ao registrado em março de 2024, mostrando um agravamento contínuo.
O endividamento atinge todas as faixas etárias, mas com intensidades diferentes:
Esses dados mostram que a vida adulta, justamente no auge da responsabilidade financeira, é a mais pressionada pela falta de controle dos gastos e pelo uso excessivo do crédito.
A maior parte das obrigações financeiras concentra-se em modalidades com juros elevados. Conhecer essas categorias ajuda a definir quais dívidas priorizar.
O cartão de crédito em especial tem se tornado uma complemento de renda perigoso, já que o rotativo pode ultrapassar 300% ao ano, jogando o consumidor em um ciclo quase impossível de quebrar.
Com a Selic em 14,75%, o custo do dinheiro nunca foi tão alto. Isso encarece todas as linhas de crédito, sobretudo as mais caras, como cartão, cheque especial e empréstimos em financeiras.
Enquanto a inflação anual de 5,53% corrói o poder de compra, o juro do rotativo pode subir acima de 12% ao mês. Esse contraste faz com que, financeiramente, seja impraticável investir antes de quitar.
Na prática, matemática financeira simples ensina que não há retorno em investimento que supere dívidas com 200% ou 300% ao ano. Destinar recursos para aplicações sem zerar essas obrigações resulta em prejuízo líquido.
Ao priorizar a quitação, você:
Somente após eliminar as dívidas caras vale a pena pensar em investimentos automáticos ou em fundos de baixo risco.
O endividamento não afeta apenas famílias: mais de 7 milhões de empresas estão inadimplentes, com R$ 156,1 bilhões em débitos. Esse cenário reforça a ideia de uma economia em que o crédito caro é um obstáculo para o crescimento.
No âmbito individual, quem paga juros altos praticamente financia o bolso de bancos e financeiras, em vez de criar patrimônio próprio. Cada real aplicado em dívidas caras equivale a um investimento negativo.
Muitos caem na ilusão de ganhos rápidos, apostando em trades, criptomoedas ou até apostas esportivas. Essas estratégias frequentemente agravam o desespero financeiro quando não surtem efeito.
Evite:
Estabelecer um plano claro é o primeiro passo para tomar as rédeas das finanças:
Somente com as bases financeiras sólidas é possível olhar para os investimentos com confiança.
Especialistas alertam: este é o momento mais desafiador para contrair novas dívidas. Com a Selic próxima ao maior nível em duas décadas, a pressão sobre o orçamento aumenta a cada dia.
Ao escolher quitar dívidas caras antes de investir mais, você assume o controle do seu futuro financeiro. É um passo corajoso, mas essencial para quem deseja conquistar objetivos de longo prazo, como a compra de um imóvel, a educação dos filhos ou a aposentadoria tranquila.
A verdadeira transformação financeira começa quando decidimos enfrentar dívidas de frente. Com perseverança e disciplina, é possível resgatar a saúde econômica e construir um patrimônio sólido. O primeiro investimento deve ser sempre em você mesmo, na sua tranquilidade e segurança.
Referências