Em um cenário marcado por inflação elevada, juros altos e incertezas globais, os setores de consumo básico do Brasil têm demonstrado uma surpreendente força. Supermercados e restaurantes, pilares da economia doméstica, revelam números que vão além do esperado, sustentados por uma combinação de políticas públicas, benefícios corporativos e comportamento adaptativo dos consumidores.
Este artigo explora dados recentes e oferece insights para gestores, investidores e profissionais do setor, apresentando não apenas o desempenho atual, mas também estratégias práticas para manter o dinamismo mesmo em ciclos econômicos adversos.
O setor de serviços domina a base econômica do Brasil, representando cerca de 70% do PIB brasileiro, com projeções de crescimento entre 1,5% e 2,4% para 2025. Dentro desse conjunto, supermercados, restaurantes e outros segmentos de consumo básico concentram atividade intensa, mesmo sob pressões inflacionárias.
Em contraste, a indústria deve crescer cerca de 2,2%, refletindo impactos de crédito restrito e custos financeiros elevados. Já a agropecuária segue em alta, com projeção de até 6,5%, graças a safra recorde e demanda internacional.
Dados da pesquisa Alelo/FIPE para o período de janeiro a abril de 2025 mostram um quadro robusto:
Esses resultados demonstram que, mesmo diante de reajustes de preços e custo de vida mais alto, o consumidor não abre mão de mantimentos e experiências alimentares. O ticket médio crescente sugere substituição de consumo alternativo por produtos de maior valor agregado.
Enquanto o consumo básico segue estável, segmentos industriais enfrentam cautela em segmentos industriais, penalizados por altas taxas de juros e crédito restrito. A agropecuária destaca-se, mas seu desempenho é impulsionado por fatores externos, como exportações e dólar favorável.
Apesar dos resultados encorajadores, o ambiente macroeconômico ainda impõe riscos. A manutenção de taxas de juros elevadas é vista como um "remédio amargo" para conter a inflação, mas pode frear o consumo no futuro. A expectativa é que, caso o cenário restritivo persista, haja acomodação nos índices de crescimento ou até queda em transações.
Além disso, mudanças no emprego formal e flutuações nos preços de alimentos influenciam diretamente o poder de compra das famílias. A inflação de serviços, embora mais branda que a de bens de capital, pode limitar a capacidade de gastos fora do lar e reduzir a frequência de visitas a restaurantes.
Para gestores e empreendedores, a chave está em monitorar indicadores de mercado em tempo real, ajustar o mix de produtos conforme tendências de consumo e manter canais de relacionamento próximos ao cliente. Apesar dos altos e baixos da economia, a demanda por itens de primeira necessidade e refeições fora do lar revela-se resiliente quando bem apoiada por políticas e práticas inovadoras.
Em síntese, supermercados e restaurantes ocupam um papel fundamental na sustentação da economia brasileira em momentos desafiadores. A combinação de benefícios corporativos, políticas públicas, adaptação de portfólio e estratégias de gestão permite que esses setores não apenas sobrevivam, mas prosperem. Adotar medidas proativas e flexíveis será essencial para atravessar futuros ciclos adversos com confiança e solidez.
Referências