O agronegócio brasileiro vive um momento de grande incerteza macroeconômica, com câmbio volátil, preços pressionados e custos em alta. Mesmo assim, os setores defensivos agrícolas mantêm sua relevância, atraindo investimentos e movimentando bilhões de hectares de aplicação. Este artigo analisa como esse segmento se comporta em 2024/2025, destacando números, tendências, desafios e oportunidades regionais.
Conhecido por sua resiliência em períodos de volatilidade cambial, o segmento de defensivos agrícolas se firma como um porto seguro para investidores e produtores. Ainda que as margens estejam comprimidas, o volume aplicado cresce, sustentado pela expansão da área plantada e pela necessidade constante de controle de pragas e doenças.
De acordo com projeções da Croplife e Sindiveg, o mercado de defensivos deve alcançar um crescimento entre 3% e 6% em 2025, com a área tratada ultrapassando 2 bilhões de hectares ao longo do ano. No primeiro trimestre, esse patamar já alcançou 831 milhões de hectares, um avanço de 1,8% frente a igual período de 2024.
O grande paradoxo do setor em 2024/2025 é a **expansão física** dos volumes aplicada em contraponto à **queda do faturamento**. Em 2024, a área tratada cresceu 12,2%, atingindo 2,5 bilhões de hectares, mas o faturamento acumulado caiu 6,6%, fechando em US$ 19,9 bilhões. No primeiro trimestre de 2025, a retração foi ainda mais acentuada, com faturamento de US$ 6,6 bilhões, queda de 11,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Embora a soja (55%) e o milho (17%) liderem a participação de área, em volume aplicado o milho assume 36% e a soja 35%, seguidos pelo algodão com 13%. Esse desequilíbrio sinaliza um mercado ainda muito dependente das grandes commodities.
Em meio ao cenário de preços em baixa e custos elevados, bioinsumos devem crescer 13% em 2025, atingindo 155 milhões de hectares tratados. Esse segmento tem ganhado força graças à demanda por práticas mais sustentáveis e ao desenvolvimento de tecnologias inovadoras, que prometem menor impacto ambiental.
Ainda que representem apenas 7% do volume total atualmente, os bioinsumos apresentam uma curva de ascensão mais acentuada que os produtos químicos convencionais. A expectativa é que esses insumos ganhem participação gradual, impulsionados pela pressão regulatória e pelas exigências dos mercados internacionais.
A distribuição anual das aplicações é marcada por dois períodos de grande intensidade. O primeiro trimestre concentra 48% do volume aplicado, época de plantio de soja e milho, enquanto o quarto trimestre responde por 34%, período de aplicação em culturas de inverno e cana-de-açúcar.
Compreender essas janelas é essencial para planejar estoques e logística, garantindo fornecimento e evitando rupturas que possam comprometer a produtividade dos cultivos.
O setor de defensivos agrícolas permanece vital para a segurança alimentar e as exportações brasileiras. Enquanto o crescimento físico segue firme, a necessidade de inovação e gestão de custos se intensifica. A adoção de bioinsumos e tecnologias digitais deve acelerar, equilibrando produtividade e sustentabilidade.
Mesmo diante de incertezas cambiais e pressões de mercado, o fluxo de recursos para esse segmento tende a se manter estável, sustentado pela constante expansão da área plantada e pela capacidade de adaptação dos produtores. O futuro aponta para um equilíbrio entre volume, valor e responsabilidade socioambiental, garantindo que os setores defensivos continuem atraindo investimentos em cenários incertos.
Referências