O ecossistema de fusões e aquisições no Brasil vive um momento singular em 2025, com as startups assumindo papel cada vez mais central nas transações. Neste artigo, analisamos os números, tendências e perspectivas que explicam essa ascensão.
Após três anos de instabilidade, o segmento de fusões e aquisições (M&A) no Brasil apresentou 36% de crescimento no volume de negócios durante o primeiro bimestre de 2025. Foram registradas 225 transações nesse período, superando os números do início de 2024 e sinalizando uma recuperação robusta do mercado brasileiro.
No primeiro trimestre de 2025, o Brasil consolidou-se novamente como o maior mercado de M&A na América Latina, com 399 operações e US$ 6,86 bilhões mobilizados. Embora essa cifra represente uma queda de 3% em número de operações e de 24% no volume financeiro frente ao mesmo período de 2024, o desempenho brasileiro corresponde a 63% das 630 transações realizadas em toda a região.
Dentro desse cenário de recuperação, as startups vêm conquistando cada vez mais relevância nas negociações. Elas atraem investidores pela busca por inovação e modelos escaláveis e pelo potencial de transformação de setores tradicionais.
Além disso, observa-se uma tendência de internacionalização das startups. Empresas brasileiras investiram em mercados como Portugal e EUA, enquanto investidores dos Estados Unidos e Holanda intensificaram aquisições no país.
O ambiente favorável de M&A tem ampliado o interesse de investidores estrangeiros em oportunidades brasileiras. A percepção de empresas “baratas” e com alto potencial de retorno atraiu fundos de private equity e venture capital, consolidando o Brasil como destino estratégico.
Em janeiro de 2025, o segmento de Private Equity registrou 7 transações que movimentaram R$ 348 milhões, enquanto o Venture Capital contabilizou 13 rodadas, totalizando R$ 560 milhões. Ainda que haja uma redução de 41% e 61% no volume de operações de PE e VC, respectivamente, observa-se um foco maior na qualidade dos ativos de alto nível.
Para sintetizar o comportamento do mercado no início de 2025, apresentamos os principais indicadores:
O protagonismo das startups em M&A pode ser explicado por diversos fatores que convergem para um ambiente de oportunidades:
Apesar dos sinais positivos, o ambiente de M&A ainda enfrenta desafios estruturais. A volatilidade política e as taxas de juros elevadas tornam investidores mais cautelosos, elevando o grau de exigência na avaliação de riscos.
Os fundos de investimento adotam critérios mais rígidos para alavancagem, enquanto grandes corporações ponderam decisões diante de incertezas regulatórias. Ainda assim, o Brasil se mantém como vitrine de inovação na América Latina, graças à qualidade do capital humano e ao tamanho de seu mercado interno.
Para o restante de 2025, analistas projetam a continuidade do crescimento nas transações envolvendo startups. A expectativa é que o Brasil amplie sua relevância global em fusões e aquisições de empresas inovadoras, especialmente à medida que a confiança no ambiente de negócios se restabeleça.
A consolidação do ecossistema startup brasileiro passa pela atração de mais fundos internacionais, pela manutenção de políticas de incentivo à inovação e pela criação de um ambiente regulatório estável. Com isso, as startups devem seguir conquistando espaço e liderando uma nova fase de crescimento econômico.
Referências