O mercado brasileiro de venture capital em healthtechs tem exibido um movimento pulsante, mesmo em meio a momentos de incerteza econômica. Para empreendedores e investidores, entender esse cenário é fundamental para aproveitar oportunidades e superar desafios.
Nos últimos anos, o volume de aportes em healthtechs brasileiras oscilou de forma significativa. Em 2021, alcançou o recorde de R$ 3,488 bilhões, impulsionado por taxas de juros historicamente baixas e apetite por risco. Em 2022, houve retração para R$ 1,142 bilhão, seguida por R$ 993 milhões em 2023, uma queda de 13% em relação ao ano anterior. Até julho de 2024, o montante investido já somava R$ 299 milhões, sugerindo nova desaceleração.
Apesar da diminuição nos valores, o número de rodadas manteve-se estável: foram entre 33 e 35 aportes anuais entre 2021 e 2023, e 18 até meados de 2024. No âmbito global, o Brasil captou entre US$ 911 milhões e US$ 1,4 bilhão em venture capital, o que reforça o protagonismo nacional na América Latina.
O ecossistema brasileiro já conta com cerca de 281 healthtechs, muitas focadas em validação de modelos e expansão de receita. Em 2023, as maiores rodadas foram:
Esses casos ilustram a preferência dos investidores por empresas com receita recorrente comprovada e potencial de escala.
Entre as healthtechs de maior captação, destacam-se:
Os fundos que mais investiram no setor incluem Canary (23 aportes), DOMO.VC (17) e Bossa Invest e Monashees (14 cada). Além disso, o Corporate Venture Capital tem se fortalecido, com grupos como Afya Limited realizando 11 aquisições diretas e 4 investimentos via CVC.
A pandemia de Covid-19 foi um divisor de águas, acelerando a digitalização e a adoção de soluções remotas. As healthtechs que utilizam inteligência artificial para monitoramento de pacientes e chatbots, como TNH Health, ganharam destaque. Outras investem em realidade virtual para treinamento médico, à la MedRoom, ou em plataformas integradas de dados para empresas, como Wellbe.
O interesse por soluções de redução de custos e mensuração de ROI em saúde corporativa vem atraindo aportes. Startups que entregam métricas claras e demonstram eficiência operacional estão em foco, sobretudo em estágios mais avançados.
Para empreendedores, é fundamental demonstrar validação de mercado e resultados operacionais antes de buscar Series B ou C. Para investidores, a dica é diversificar o portfólio, considerando tanto startups consolidadas quanto nichos promissores de saúde mental e wellness corporativo.
As projeções até 2025 indicam estabilidade no número de rodadas, porém com valores médios menores. A expectativa é que as healthtechs continuem atraindo recursos, desde que adaptem seus modelos de negócio a novos critérios de performance e tragam soluções centradas no paciente.
No cenário internacional, o Brasil segue entre os mais dinâmicos da América Latina, com potencial para atrair fundos estrangeiros em busca de diversificação e exposições a mercados emergentes.
Em síntese, o mercado de venture capital para startups de saúde no Brasil permanece robusto em oportunidades, mas requer estratégia clara de crescimento e foco em métricas. Para os empreendedores, é hora de fortalecer parcerias, aprimorar tecnologias e preparar apresentações de pitch que destaquem resultados tangíveis. Para os investidores, o caminho passa pela análise criteriosa de negócios já validados e pela identificação de tendências que moldarão o cuidado em saúde nos próximos anos.
Com essa visão estratégica, tanto startups quanto fundos estarão melhor preparados para navegar num ambiente de transformações constantes, contribuindo para elevar a qualidade dos serviços de saúde e gerar valor sustentável.
Referências